Luís de Camões ― irreverência e bom humor

O Professor Manuel Simplício Ferro, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, veio à biblioteca da nossa escola, no dia 24 de maio, falar-nos de Camões. Estiveram presentes turmas dos Cursos Profissionais e dos Cursos Científico-Humanísticos, acompanhadas pelas respetivas professoras. Todos ouviram, com atenção e interesse, este agradável solilóquio.
Foi-nos mostrado o lado menos conhecido do poeta, o da irreverência e do bom humor, com a leitura do célebre banquete de trovas que Camões ofereceu à pequena nobreza de Punhete, na sede oriental do Estado da Índia.
Nesse banquete de trovas, o modelo do imperador Heliogabalo é evocado para explicar o tipo de zombaria que constitui o convite de Camões, na segunda esparsa a Francisco de Almeida, descendente do governador de mesmo nome, aristocrata de Punhete:

«Heliogabalo zombava
Das pessoas convidadas;
E de sorte as enganava,
Que as iguarias que dava,
Vinham nos pratos pintadas.
Não temais tal travessura,
Pois já não pode ser nova;
Que a ceia está mui segura
De vos não vir em pintura,
Mas há de vir toda em trova».

Fica, assim, um pequeno aperitivo para quem tiver curiosidade de conhecer mais.

O Professor Ferro falou-nos, ainda, da pouco conhecida biografia de Camões, muito vaga e inconclusiva: segundo Severim de Faria, que publicou, em 1624, a «Vida de Camões», e segundo  o testemunho das pessoas que ainda o conheceram , era «barbi-ruivo» (barba ruiva), de «meã estatura» (média estatura), de cara redonda, nariz comprido e grosso na ponta, rosto desfigurado pelo olho cego, cabelo muito loiro, quase a chegar ao «açafrador» (cor de açafrão). A sua aparência não era muito graciosa, no entanto, quando falava com as pessoas,  era alegre e comunicativo  («na conversação muito fácil, alegre e dizidor»). 





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